Uma nova instalação de arte colocada no saguão do Conselho da União Européia (UE) em Bruxelas, na Bélgica, está causando polêmica mesmo antes de sua inauguração oficial, marcada para quinta-feira, pela forma como zomba de estereótipos do bloco.

A instalação representa os 27 países-membros do bloco como se fossem peças de plástico do tipo usado em kits para construir miniaturas de modelos de carros e aviões.

A Romênia, por exemplo, é mostrada como um parque temático de Drácula, a França como um país em greve e a Alemanha como uma rede de estradas cuja disposição lembra vagamente uma suástica quebrada. A Itália é um campo de futebol.

A Holanda, protegida das águas do mar por diques, é representada por uma série de minaretes submersos em uma inundação, numa possível referência às tensões religiosas no país.

A Polônia, país de grande influência católica, é representada por um grupo de monges levantando a bandeira do arco-íris da comunidade gay.

O trabalho foi encomendado por autoridades da República Checa, que assumiu a Presidência rotativa da União Européia. O governo da Bulgária, que se diz ofendido com a forma como seu país foi representado, convocou o embaixador checo em Sófia para pedir explicações.

O país é mostrado como uma latrina do tipo em que o usuário tem que colocar os pés em suportes apropriados e ficar agachado.

A Grã-Bretanha, que recebe constantes críticas por ser um dos integrantes mais céticos do bloco, está ausente da instalação.

Contrato
A peça, de 16 metros quadrados e oito toneladas, foi feita por David Cerny, conhecido nos meios artísticos checos por sua irreverência, de acordo com o correspondente da BBC na capital, Praga, Rob Cameron.

Mas, na opinião de representantes do próprio governo checo, desta vez ele foi longe demais. Cerny havia sido contratado para trabalhar com outros 26 artistas europeus na confecção da peça. Mas ele acabou fazendo tudo sozinho, auxiliado apenas por dois colegas.

O vice-premiê da República Checa, Alexandr Vondra, disse que só foi informado na segunda-feira de que Cerny tinha desrespeitado os termos de seu contrato.

O artista pediu desculpas por ter enganado os ministros, mas não pela obra. Ele disse que queria "descobrir se a Europa consegue rir de si mesma".

Cerny causou controvérsia pela primeira vez na década de 90, quando pintou um tanque soviético - um memorial da Segunda Guerra em uma praça de Praga - de rosa choque.


Fonte: BBC Brasil

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