Uma exposição em Madri traz quadros e objetos colecionados por um barbeiro, todos eles presenteados pelo seu cliente mais famoso: o gênio da pintura Pablo Picasso.


O espanhol Eugenio Arias, barbeiro de Picasso durante 26 anos, foi a única pessoa que cortou o cabelo do pintor. A amizade entre eles, tem rendido uma coleção de obras de arte inaugurada nesta segunda-feira (12) em Madrid.


O artista conheceu o barbeiro no exílio, na França, em 1948. Ficaram amigos a ponto de Picasso presentear Arias com quase cem peças.


Conhecido como "o barbeiro de Picasso", Arias guardou a coleção em casa e doou o patrimônio à Espanha depois que o país retomou a democracia. O pequeno Museu Picasso - Coleção Eugenio Arias foi inaugurado em 1985, com 54 peças, no município madrilenho de Buitrago, onde o barbeiro nasceu.


Fechado em 2007 para uma reforma, ele foi reaberto ontem com 71 objetos, inclusive fotos e um inédito vídeo em que Picasso e Arias contam como se conheceram.
"Sem bajulação"


O curador da mostra, Antonio Olano, disse à BBC Brasil que a relação entre Picasso e Arias foi de amizade verdadeira porque o barbeiro era das poucas pessoas que não bajulavam o artista.


"Arias não tinha receio de desagradar Picasso e muitas vezes lhe disse que algumas de suas ideias eram porcaria!", disse. "Era provavelmente o único que não o bajulava e isso Picasso valorizava muito. Tinham conversas francas e cotidianas.


Picasso se interessava pela situação dos espanhóis no exílio e de suas famílias que tinham permanecido na Espanha. Esse ambiente ele encontrava no salão de Arias".
Comunistas declarados, o artista e o barbeiro tinham pontos de vista em comum sobre direitos humanos em pleno período de ditadura militar na Espanha. Também eram apaixonados por mulheres e touradas.


A mostra está dividida nessas três áreas temáticas com as obras de Picasso dedicadas a Arias. O artista chegou a criar objetos especialmente para a decoração do salão e até fez uma caixa de madeira para que o barbeiro guardasse seus instrumentos de trabalho.
Em um dos vídeos da exposição, Arias conta as manias e anedotas do pintor. Entre elas, uma queixa habitual de Picasso --em todos os lugares onde ele entrava, os outros clientes o deixavam passar antes.


"Ele ficava chateado. Fazia questão de chegar ao salão e insistir para ficar na fila. Dizia que o mundo não dava certo com as desigualdades e todo mundo merecia ser tratado igual. Para isso era comunista", contou o barbeiro, que morreu em abril do ano passado.
Fonte: FOLHA Notícias

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