Estamos atravessando um período de transição artística. E na ansiedade da busca, a arte tem dificuldade em se impor em nível de apreciação.
Na arte de hoje, sentimos uma ruptura radical. Mas isso já acontecia em outras épocas. Em tudo há dois pólos, dois extremos. E por que não em arte? Acho até que se não existisse o lado oposto, antagônico, percorreríamos um caminho reto e sem graça. Não teríamos nada a contestar.
Atravessamos um período em que sublima-se o reciclar. Faz parte do cotidiano, e isso de certa forma inova e atrai o bom gosto do público. O artista se obriga a se converter ao modismo, mesmo caindo no ridículo, para não perder o poder de comercialização, pois a nossa sociedade é consumista, mas a essência da arte adormece na alma do artista.
Aí indago: Será que determinadas atitudes podem ser consideradas como arte?
A arte do nosso século deve viver de mãos dadas com a liberdade. O artista deve ser ousado, porque a arte não conhece problemas e soluções que não sejam os que a vida lhe impõe e lhe oferece, no seu ritmo inviolável. Também não podemos permitir uma arte despida do passado, mas temos que querer a nossa arte surgida das lutas e das conquistas, que acresce e se resolve em nós e só pode se exprimir através dos problemas que atormentam a criação artística contemporânea.