Crise da Arte ou Arte da Crise?  

Posted by Gilce in

Estamos atravessando um período de transição artística. E na ansiedade da busca, a arte tem dificuldade em se impor em nível de apreciação.


Na arte de hoje, sentimos uma ruptura radical. Mas isso já acontecia em outras épocas. Em tudo há dois pólos, dois extremos. E por que não em arte? Acho até que se não existisse o lado oposto, antagônico, percorreríamos um caminho reto e sem graça. Não teríamos nada a contestar.

Atravessamos um período em que sublima-se o reciclar. Faz parte do cotidiano, e isso de certa forma inova e atrai o bom gosto do público. O artista se obriga a se converter ao modismo, mesmo caindo no ridículo, para não perder o poder de comercialização, pois a nossa sociedade é consumista, mas a essência da arte adormece na alma do artista.

Aí indago: Será que determinadas atitudes podem ser consideradas como arte?

O período contemporâneo veio para acordar o artista, para mexer com suas idéias, para inovar a arte, impondo-lhe um compromisso para com o público.
É muito complexo conceituar a arte de agora.

A questão contemporânea não é simples e reta. Na busca do inusitado, a arte carrega perfis diferentes que não podem ser vistos num único prisma, mas numa multiplicidade de interpretações. E o público está muito aquém dessa realidade.

A arte do nosso século deve viver de mãos dadas com a liberdade. O artista deve ser ousado, porque a arte não conhece problemas e soluções que não sejam os que a vida lhe impõe e lhe oferece, no seu ritmo inviolável. Também não podemos permitir uma arte despida do passado, mas temos que querer a nossa arte surgida das lutas e das conquistas, que acresce e se resolve em nós e só pode se exprimir através dos problemas que atormentam a criação artística contemporânea.

This entry was posted on quinta-feira, 15 de janeiro de 2009 at 18:20 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

3 comentários

Anônimo  

O Problema atualmente é definirmos o que é ARTE.

Basta ver a atitude do diretor Mark Jamieson,da galeria de arte Brunswick Street Gallery de Melbourne, onde viu um monte de "borrão" e considerou uma arte maravilhosa autorizando uma criança de 2 anos expor em sua galeria.

Agora Será que os "especialistas" sabem bem o que é arte?

Avaliaram as obras dela em 1.500 Dólares.

A crise na verdade está em nossas galerias que não abrem espaço para os artistas de verdade e ficam naquela panelinha medíocre.

16 de janeiro de 2009 às 10:02
Anônimo  

"O período contemporâneo veio para acordar o artista, para mexer com suas idéias, para inovar a arte, impondo-lhe um compromisso para com o público."

O problema é que o público não tem nenhum compromisso com o artista...não dá pra viver de ilusão...se há crise devemos nos adequar...há espaço pra todos...mas nem todos terão este espaço. Pois muitos ficam com o espaço de vários. è como o latifundiário que quer toda a terra pra ele mesmo que não use pra droga alguma.
Não adianta ser fiel aos seus príncipios e morrer de fome. Se você quer ser artista de verdade tem que saber a hora de fazer isto ou aquilo. Não acredito que seja vergonha se render aos modismos. A maioria que fala isso tem seu empreguinho garantido e a arte pra ele é um hobby. Ser artista é isso, encarar a coisa custe o que custar.
Eu ainda não senti os efeitos desta crise pois, como artista, sempre estou em crise...rs!!! Artista que não passa por problemas financeiros não é artista é celebridade!
FORAÇA SEMPRE!

16 de janeiro de 2009 às 10:45
Anônimo  

A questão é complexas. E como você mesmo disse, ela deve ser vista de maneira multifacetada. O primeiro problema que vejo é a própria pergunta "o que é arte?".
Temos que ponderar a pergunta e entender que existem 4 pontos de vistas principais.
1. O que é a arte de todos os tempos?
"A ARTE" é qualquer expressão da vontade humana. É uma triste resposta, mas a única que abarca todo o tipo de manifestação artística de todos os tempos.
2. O que é a arte para o mercado de arte?
Temos que ser atentos e entendermos que o MERCADO da arte, não é arte, é MERCADO. Então cad um deve procurar e entender seu próprio público alvo.
3. O que é arte para a história/crítica de arte?
A inserção objetiva e conceitual da arte é apenas uma das interfaces da arte. Se alguém quer ir por ai, não é artista, e sim teórico, crítico ou afins. Ou seja, a teoria define conceitos, não esgota o assunto... ela nunca vai responder OQUE É ARTE; mas sim seus contextos (matéricos e teóricos).
e 4. Qual o artista que você quer ser?
Aí sim que reside a principal pergunta, e a essa pergunta que a resposta não é objetiva.
O que move cada um a permanecer num caminho incerto é, provavelmente a mesma coisa que move alguém a permanecer na incerteza que é a vida. Mas, que por mais clichê que seja, não tira a validade: cada um deve achar sua própria razão para viver.

Em resumo, esta pergunta, assim como esta resposta, não é suficiente.

Enquanto profissionais da arte, nosso dever reside mais na manutenção de nosso estatus dentro do circuito social da arte. Existem vários. Cada um com seus "cabeças", seus "peões" (nós) e seu dinheiro.

Cada um tem que achar o lugar-no-mundo que mais satisfaça a difícil relação entre satisfação própria, subsitência e luxúria.

cordialmente,
Breno Morita

17 de janeiro de 2009 às 05:40

Postar um comentário